Por João Pedro Andrade
Todos os anos, a Oxford Dictionaries elege a “Palavra do Ano”, um termo de importância internacional que possa refletir de forma sucinta um determinado período de 12 meses. Em 2016, este termo foi “post-truth”, traduzido para o português como pós-verdade, escolhido num raro acordo do time americano da empresa com a equipe britânica.
Mas, o que isso significa? E qual a importância desse termo para o ano que passou? Pós-verdade é quando fatos objetivos possuem menos influência na formação da opinião pública do que aqueles que fizeram um apelo às emoções ou crenças pessoais.
O termo ganhou grande destaque na mídia internacional graças às eleições presidenciais norte-americanas e à saída do Reino Unido do grupo da União Europeia, conhecido pelo nome popular de “Brexit”. O uso do termo na mídia obteve um crescimento de 2.000% em comparação com o ano anterior.
O presidente norte-americano, durante sua campanha, afirmou que Hillary Clinton havia criado o Estado Islâmico e que Barack Obama era mulçumano – fatos que, comprovadamente, não eram verdadeiros. Outro exemplo se deu na Colômbia, onde o ex-presidente Álvaro Uribe declarou que, caso um acordo de paz fosse firmado com as Farc, Timochenko, líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, se tornaria presidente.
A escolha reflete um período de grande discordância política no mundo, fortemente abastecido pelo crescimento das redes sociais como fonte de informações e decrescente credibilidade oferecida por fontes oficiais – implicações que tornaram a verdade em si menos relevante.
O termo já foi adicionado ao www.oxforddictionaries.com e deverá ser monitorado no futuro para integrar a versão física de um dos maiores dicionários do mundo.