Por Michele Colombo
Uma pesquisa inédita feita pela UNESCO acaba de revelar mais sobre o que acontece por trás das telas dos influenciadores. O relatório, chamado de “Behind the Screens” (Por trás das telas), revela insights valiosos sobre o mundo dos criadores de conteúdo digital – especialmente sobre suas intenções, habilidades, práticas e desafios. Segundo o Statista, aproximadamente 2,4% dos usuários de redes sociais são considerados influenciadores, resultando em cerca de 127 milhões de influenciadores no mundo, de acordo com pesquisa de setembro.
O Estudo
Conduzido nos Estados Unidos no segundo semestre de 2024, o estudo contou com uma pesquisa quantitativa online em 8 idiomas, com criadores de conteúdo com no mínimo 1000 seguidores, de 45 países e territórios, incluindo o Brasil. Além disso, um grupo menor foi entrevistado em profundidade. Os criadores de conteúdo digitais veem seu trabalho com profundo senso de propósito: segundo o estudo, eles são movidos por uma missão que vai além da mera produção de conteúdo e buscam se conectar com seu público, compartilhar insights valiosos e causar impacto significativo em suas respectivas áreas.
Influenciadores e seus comportamentos
Os resultados revelam que muitos criadores de conteúdo digital têm percepções vagas sobre sobre sua influência real ou percebida. Apenas 19% deles se consideram consistentemente influentes, embora todos forneçam regularmente informações ao seu público.
Um dos pontos mais significativos do estudo é sobre as fontes nas quais os criadores se baseiam para desenvolver seu conteúdo e como verificam as informações antes de compartilhá-las. Os resultados mostram que a ‘popularidade’ – medida pelo número de curtidas e visualizações – é o indicador mais comum de credibilidade para fontes on-line (42%). Em segundo lugar, os ‘endorsements’ (aprovações) de conteúdo por amigos ou especialistas confiáveis também impactam significativamente a forma como os criadores avaliam a credibilidade das fontes on-line.
O estudo também investigou a conscientização dos criadores sobre as regulamentações que regem a criação de conteúdo digital em seus respectivos países e os padrões internacionais relacionados à liberdade de expressão e ao acesso à informação, como o Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. De forma alarmante, a maioria dos criadores entrevistados (59%) entrevistados não estavam familiarizados ou tinham apenas ouvido falar de estruturas regulatórias e normas internacionais relacionadas à comunicação digital.
Influenciadores x Discurso de Ódio
Além disso, a pesquisa identificou que 32% dos entrevistados já foram alvo de discurso de ódio. Entre estes, a maioria optou por ignorá-lo (31,5%), e apenas um quinto (20,4%) reportou isso às plataformas de mídia social. Outro desafio foram os dilemas éticos relacionados a conteúdos patrocinados. Apenas metade dos criadores entrevistados deixa claro à sua audiência seus patrocinadores, doadores ou fontes de financiamento ao seu público. Durante as entrevistas, muitos explicaram como lutavam para equilibrar transparência com os interesses de seus patrocinadores.
Conclusão
Dado o peso da influência exercida pelos criadores de conteúdo digitais, fica clara a necessidade urgente de treinamento, conhecimento e apoio para esse grupo – inclusive como uma forma importante de se prevenir a desinformação. A falta de checagem das informações destaca a necessidade de aprimorar as habilidades de alfabetização midiática dos criadores, incluindo a identificação e o uso de recursos confiáveis de verificação de fatos.
Essas informações mostram como é importante, segundo a UNESCO, “liderar esforços para promover o estabelecimento de padrões globais para criadores de conteúdo digital e fornecer treinamento contínuo de desenvolvimento de capacidades.”
Você pode conferir o relatório completo clicando aqui.
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