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Contra o discurso do ódio, ativismo empresarial

Na obra clássica de gestão “Feitas para durar”, Jim Collins descreve como as empresas visionárias existem para algo além de apenas dar lucros. Estas empresas são regidas por um sistema de ideias e valores que lhes serve de força impulsionadora, um ativismo capaz de inspirar as pessoas que trabalham nela. Ou seja: para estas empresas, o lucro não é um fim em si mesmo, mas um meio de atingir objetivos mais importantes. 

Ao lado dos governos, as empresas continuam a ser um dos maiores agentes de mudança na sociedade. Elas são responsáveis por uma parte muito significativa do bem estar que podemos alcançar – seja por criarem e comercializarem produtos e serviços que melhoram vida das pessoas de alguma forma, seja por gerarem empregos e renda que possibilitam o consumo destes produtos e serviços. 

Algo óbvio, mas que nem sempre é lembrado quando pensamos em uma empresa, é que elas são formadas por pessoas. Uma empresa assume seus contornos visíveis pelo conjunto de ações tomadas a partir das decisões de seus líderes e membros – muitas vezes munidos de dados de mercado e planos de crescimento ambiciosos, sim – mas fundamentalmente “gente como a gente”, pessoas que querem uma vida saudável, segura e cheia de realizações para si e para aqueles que amam. 

Recentemente, grandes empresas (e as pessoas por trás delas) se uniram em alguns movimentos que nos lembraram de que sua capacidade de promover mudanças positivas vai além de seus produtos: sua atuação e poder como anunciantes também pode se traduzir como uma ferramenta de ativismo social. 

O crescimento da influência do Sleeping Giants, uma plataforma que alerta empresas de que anúncios adquiridos por meio de mídia programática estavam financiando conteúdos falsos e sites extremistas, foi uma “sacudida” recente para todo o mercado de veículos de comunicação e anunciantes. 

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Em seguida, grandes anunciantes voltaram sua atenção para o Facebook e suas plataformas, como o Instagram. Hoje, o Facebook é o segundo maior veículo global de mídia, perdendo apenas para o Google. Há tempos, a rede social vinha sendo advertida de que seus esforços para excluir de suas plataformas conteúdos ligados a fake news e discurso do ódio contra minorias estavam sendo ineficazes.

Para pressioná-lo para um maior comprometimento com este objetivo, empresas como Unilever, Coca-Cola e Starbucks suspenderam temporariamente contratos de publicidade com a rede.

Outras grandes empresas, como Heineken e Adidas, foram se unindo ao movimento. Ao todo, o mercado estima que cerca de 400 empresas aderiram à causa, suspendendo ou cancelando investimentos na plataforma durante o mês de julho/2020.

Ativismo contra fake news

Embora um pouco resistente, o Facebook anunciou que irá tomar novas medidas para combater a disseminação de notícias falsas e ataques a minorias em suas plataformas. Os impactos deste gesto tiveram impacto financeiro sobre o Facebook – a empresa perdeu 8% de seu valor de mercado em apenas um dia – e embora já tenha recuperado uma parte deste valor, a repercussão simbólica deste boicote terá longa duração.

As empresas são parte e fruto da sociedade, e por isso é justo que utilizem sua enorme influência, financeira e no âmbito das ideias, para dar voz e promover mudanças positivas, que venham ao encontro dos desejos e necessidades das pessoas que as fazem existir.

É muito natural que empresas que gastam milhões de dólares no gerenciamento de sua imagem e reputação não queiram aparecer associadas a postagens e conteúdo que, por exemplo, pregam valores ligados à ideologia de extrema direita e ao preconceito contra minorias.

O papel social das empresas vai além de ter uma área dedicada a projetos sociais ou preocupação com causas. Esse ativismo vai além, também, de ter boas políticas de recursos humanos para quem trabalha nela. Empresas que pretendam estar em pé e lucrativas pelas próximas décadas precisam se atentar ao amadurecimento de conceitos de justiça social entre seus consumidores, e evoluir com eles.

Por Michele Colombo 

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