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Scrollytelling: o dinamismo por trás da narração de histórias

Assim como quase tudo que existe, a comunicação também tem suas fases e trago aqui uma nova tendência: o  scrollytelling.

Passamos anos entendendo que a maneira correta de comunicar acontecimentos era por meio de longas e minuciosa matérias, seja em veículos impressos ou na TV e no rádio. Com a chegada da internet, e o aumento de veículos on-line, as notícias ganharam um novo rumo, o tempo começou a ser mais escasso, havia pressa para informar os fatos, então, as matérias passaram a ser mais diretas.

E, as mudanças não pararam por aí. O Twitter, considerado hoje a rede social mais valiosa para jornalistas de todo o mundo – segundo a State of Journalism 2021, fez com que tralhássemos nosso poder de síntese: era preciso comunicar em apenas 140 caracteres (e depois em 280), pois ao postar muitos tweets sobre o mesma assunto, sua linha de raciocínio poderia ser perdida no feed dos usuários.

Hoje, muito por conta do aumento do uso de smartphones, ganha força uma nova maneira de publicar conteúdos no mundo virtual, o scrollytelling.

As redes sociais mantêm o posicionamento de serem canais em que a comunicação é mais curta, enquanto os veículos de imprensa começam a investir em conteúdos mais longos e visuais. Segundo Benoit Pimpaud, em seu artigo para a UX Planet, o scrollytelling é uma ótima composição entre narrativa e rolagem, sendo um formato para desenvolver e mostrar histórias de uma maneira diferente, muito mais dinâmica.

O que é o scrollytelling?

Na prática, este novo modelo é a evolução do já conhecido storytelling, em que a maneira de se comunicar acontece por meio da narração de um fato, ou seja, agora temos uma narração de histórias por meio da rolagem de telas. E isso não se limita a dispositivos touchscreen, pois funciona muito bem em computadores, já que possibilita a melhor experiência de leitores com os elementos gráficos.

“Scrolling is probably the easiest user interaction possible on digital devices: even young children show capabilities to play with tactile tablets”, analisa Pimpaud.

Apesar de ter surgido em 2010, o scrollytelling tem recebido mais visibilidade e ampliado as possibilidades para a publicação de notícias em veículos de imprensa. Atualmente, é uma das maneiras mais poderosas de se contar histórias no jornalismo multimídia, já que ‘rolar para baixo ou para cima’, ‘avançar ou retroceder’ mantém os leitores ativos e interessados no conteúdo que estão consumindo. Diferente de quando assistimos um vídeo ou lemos uma matéria estática, por exemplo, nesse formato conseguimos compreender na nossa própria velocidade.

No entanto, ainda que este estilo de comunicação seja bastante intuitivo e prenda a atenção, ainda é muito importante que o conteúdo conte uma boa história. Não podemos focar apenas no visual, e deixar de lado a informação em si. Desta forma, não é surpreendente, então, ver grandes nomes do jornalismo produzindo narrativa em scrollytelling, como é o caso do The News York Times, com o artigo “Twelve Million Phones, One Dataset, Zero Privacy”, ou do The Pudding, portal especializado em cultura.

Talvez você esteja pensando que seguir essa tendência é uma exclusividade dos veículos internacionais, porém, não é. No Brasil, o Portal UOL utiliza muito bem o dinamismo da narração de histórias por meio da rolagem de telas, muitas matérias especiais produzidas pelo veículo seguem nesse formato, a exemplo desse especial sobre o universo do Carnaval – Sem Fantasia: como tem vivido quem respira carnaval o ano inteiro.

Scrollytelling exige tempo e criatividade de equipe multidisciplinar

Como bem pontuado em artigo de Aldo De Luca, publicado no MediaTalks, desenvolver uma peça de scrollytelling exige tempo, investimento e a colaboração entre diversos profissionais, incluindo jornalistas, designers e programadores. A sinergia entre a equipe precisa acontecer, assim, o material será criativo, fluido e envolvente. Apesar da alta demanda do trabalho, “pode ser uma aposta vencedora, por ser um conteúdo exclusivo num mundo de informações comoditizadas”, pontua.

Ainda que crescente no ambiente jornalístico, a tendência não precisa estar isolada para a publicação de matérias em portais de notícias. Qualquer empresa também pode adotar o formato para narrar suas próprias histórias, seja por meio de um branded content ou em seu próprio website. O importante é que para ambas as sugestões conte com o apoio de uma agência de comunicação, capaz de produzir conteúdo interessante aliado a criação de um ótimo design.

Por Maira Manesco

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